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Deslocamento como linguagem: o que a arte nos ensina sobre estar em trânsito

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Existe um tipo de conhecimento que não cabe em manuais ou em cronogramas. Um saber que se constrói no corpo, na escuta, na pausa e na estrada. Viver em movimento, como fazem nômades, artistas e pessoas que reconfiguram a ideia de “lugar”, é também uma forma de ler o mundo. E, muitas vezes, de escrevê-lo.

Neste artigo, queremos olhar para o deslocamento como linguagem. Como gesto criativo, poético e, também, político. Um modo de estar que desafia o conforto da fixação e abre espaço para a escuta, o improviso e a reinvenção.

O trânsito como poética

Nas artes visuais, na literatura, na performance e na fotografia, o deslocamento aparece como matéria. De Mira Schendel a Anna Maria Maiolino, de Paulo Nazareth a Ailton Krenak, o caminhar, o atravessar, o desviar e o errar são gestos que não apenas compõem a obra, mas são a própria obra.

O trânsito não como um meio para chegar a algum lugar, mas como lugar em si.

Caminhar é uma forma de escrever

O artista contemporâneo Francis Alÿs, por exemplo, cria atravessando cidades. Suas caminhadas tornam-se desenhos, filmes, mapas. O deslocamento é a ferramenta de sua narrativa.

Na literatura, autores como Raduan Nassar, Valter Hugo Mãe ou Olga Tokarczuk (com seu ensaio Sobre os ossos dos mortos) falam de personagens que não estão enraizados, mas que criam sentido na deriva.

Estar em trânsito é escrever com os pés.

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Nomadismo não é fuga: é escuta

Muitos pensadores já disseram que o movimento pode ser uma forma de resistência. Resistência à produtividade, à estagnação, à forma como fomos ensinados a “ficar”. Mas nem todo deslocamento é fuga. Quando é escolha, ele pode ser uma maneira profunda de escutar o mundo e a si mesmo.

O deslocamento nos obriga a estar presentes. A negociar. A desacelerar. A criar com o que há.

O que isso tem a ver com a gente?

Mesmo que você não se considere artista, se vive em movimento, carrega uma linguagem. Cada cidade que você atravessa, cada espaço que habita temporariamente, cada rotina que inventa é parte de uma narrativa que só você está escrevendo.

O deslocamento pode ser uma linguagem do trabalho, da vida e da presença.

Talvez viver em movimento seja, no fundo, um jeito de criar o tempo todo. De se deixar atravessar por paisagens, pessoas, silêncios. E de devolver tudo isso ao mundo com outros olhos. Como fazem os artistas, os poetas, os andarilhos.

Como fazemos, mesmo sem perceber, quando escolhemos a estrada como linha que escreve.

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